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Proibir não é saudável

Proibir não é saudável
Grace Tomal
abr. 2 - 5 min de leitura
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Vivemos em tempos em que tudo o que queremos é proteger nossos filhos de todo o mal presente no mundo, e com razão, nunca foi tão necessário protegê-los, mas como saber qual o limite saudável desta proteção? Como identificar quando estamos sendo super protetores e os impedindo de vivenciar suas próprias experiências?

Existe uma história sobre uma fábrica de papel que queria aumentar sua produção fazendo as árvores crescerem mais rápido, sob condições controladas. Eles fizeram uma redoma, então as árvores ficavam protegidas de todo vento e assim cresceram, até bonitas. Mas quando chegou a época de cortá-las, por dentro elas eram ocas. 

Infelizmente erramos tentando acertar quando queremos proteger nossas crianças, acabamos não dando as ferramentas necessárias para que elas saibam identificar o que é bom e o que não é bom para elas quando simplesmente as proibimos de fazer algo. Tornamos-as ocas, sem conteúdo para responder a razão das escolhas que fazem, o que as faz presas fáceis do mal que tentamos evitar.

Excesso de controle

Os Psicólogos Cloud & Towsend em seu livro “Limites”, falam da diferença entre as crianças superprotegidas e aquelas que aprenderam os limites saudáveis. Elas precisam conhecer as fronteiras comportamentais que não devem ser ultrapassadas, porém precisam aprender a dizer não por conta própria para aquilo que não lhes faz bem assumindo a responsabilidade por sua própria proteção, afinal de contas, nem sempre estaremos lá quando as propostas ruins vierem.

Segundo Cloud & Towsend: “O excesso de controle acontece quando pais supostamente amorosos impõem limites rígidos para evitar que seus filhos cometam erros. Por exemplo, podem impedir que os filhos brinquem com outras crianças para evitar que sejam magoados ou aprendam maus hábitos.{...] As crianças que sofrem controle excessivo são vítimas de dependência, de conflitos de relacionamento e de dificuldade de estabelecer e manter limites claros. Elas também sentem dificuldade de arriscar-se e ser criativas.”

Notamos que esse excesso é muito prejudicial, mas sempre é tempo de rever os conceitos, não é mesmo?  Até para não levar a um nível ainda pior que seria a compulsão.

Proibição vira compulsão

Acredite, a maioria das crianças que é simplesmente proibida de comer certos alimentos, vai com certeza comê-los quando estiver longe dos pais. Eu já vi acontecer, a criança tinha tantas restrições por parte da mãe que quando a mãe dava as costas, comia compulsivamente as coisas que eram “proibidas”. 

Eu mesma tenho uma sobrinha que não come açúcar refinado, mas não porque é proibida, ela o faz porque entende que não é bom para ela, no entanto, sabe agir com moderação e se tiver um bolo, feito com açúcar refinado, entende que pode comer um pedaço.

Mas crianças proibidas de chegar perto de qualquer doce que contenha “nutella”, com certeza comerão um pote inteiro sozinhas na primeira oportunidade que tiverem, justamente pela falta de diálogo e entendimento, elas acabam agindo compulsivamente.

Também já vi casos de crianças que por conta própria decidiram por uma dieta vegetariana. Foi escolha delas, os pais compreenderam, o que também é saudável, estão ajudando a criança a entender que é responsável por suas decisões.

Resumindo, proibir não é a solução. Conversar sim. É claro que demanda muito mais esforço e atenção ensinar os “porquês” do que simplesmente proibir as crianças de fazer qualquer coisa. E aquela antiga tradição de dizer “faça porque estou mandando” as vezes ainda está enraizada em muitos de nós, mas infelizmente ela é falha, não ajuda a criança a compreender a razão de não fazer as coisas e exatamente por isso ela provavelmente vai experimentar, e vai sofrer.

Algumas dicas práticas para limites saudáveis:

  1. Permita que seus filhos expressem suas vontades sem criticá-los;

  2. Converse sobre as coisas que entende que são ruins para eles (excesso de uso de eletrônicos, alimentos com muito açúcar ou muitos conservantes, amizades tóxicas...);

  3. Incentive-os a fazer perguntas; 

  4. Pergunte o que estão sentindo quando parecerem aflitos com alguma orientação ou “proibição”, ajudando-os a expressar com palavras os sentimentos negativos.

Precisamos que eles sejam árvores fortes, que ao se depararem com propostas de amigos para fazer coisas que são ruins saibam dizer não sem medo, que saibam questionar o mundo a sua volta e fazer escolhas sábias. E isso sim, depende de nós!

E você costuma proibir algo ou controlar? 


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