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Na formação da auto estima da criança

Na formação da auto estima da criança
Alcione Andrade
ago. 29 - 5 min de leitura
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O que podemos fazer??

Essa semana ouvi em uma palestra que a criança é uma ótima observadora mas uma péssima “interpretadora”.

Frase perfeita!! Nada escapa a seus olhares e percepções, mas como ela interpreta tudo que vê fica limitado ao mundo que ela já conhece ou está conhecendo, ou seja, seu mundo interno, seus sentimentos, “seu umbigo”. Quanto mais nova a criança mais péssima “interpretadora” ela é. Difícil para ela entender que a mãe falou brava, gritou e etc, não por que não gosta dela, mas por que ela estava cansada ou nervosa, ou já tinha falado isso pela décima quinta vez (não, a criança pequena não lembra quantas vezes a mãe falou, ela só sente o impulso de fazer aquilo de novo e ainda não tem consciência e força suficiente para controlar esse impulso).

Difícil para ela entender porque o pai ficou tão bravo com a declaração de amor que ela desenhou na lateral do carro dele. “Será que ele não gosta de mim? Será que eu sou uma criança má? Uma criança feia?” E a autoestima da criança que está em formação já é diretamente impactada. Mas o que podemos fazer???

Hoje de tarde antes do almoço um amigo estava dando banana amassada para o filhinho e a Martina chegou do lado e começou a comer junto. Depois de um tempo o Joaquim veio na cozinha e pediu banana. Eu dei. Depois que ele terminou pediu mexerica e eu disse que agora era bom ele esperar o almoço que já estava ficando pronto. Ele insistiu, eu disse de forma carinhosa que já havia falado que não e que ele poderia me ajudar a terminar o almoço se quisesse. Ele ficou muito bravo e foi correndo para o quarto. Como estou estudando essas questões de como ajudar as crianças a conhecerem e lidarem com seus sentimentos eu deixei ele lá um tempo, depois peguei a Martina que estava me chamando e fomos até o quarto ver como ele estava. Chegando lá o Joaquim estava deitado na cama embaixo da coberta. Perguntei: “Está melhor filho?” Ele fez que sim com a cabeça com cara de triste ainda. Continuei: “Você ficou muito triste de não poder comer mais frutas antes do almoço né?” Ele falou que sim e se virou para abraçar a Martina que já estava em cima dele. Eu falei que tudo bem e que eu também ficava triste quando não podia comer o que queria na hora que eu queria. Aí ele falou: “Mas mamãe, por que você deixou a Martina comer muito mais do que eu?” 

A tristeza dele não era eu não deixar ele comer, era ele achar que eu tinha sido injusta com ele. O que ele estava interpretando internamente com isso?? Que eu gosto mais da Martina?? Que a Martina pode tudo e ele não?!? Que a Martina tinha que nascer para atrapalhar tudo?!?! Sei lá... hehehe... Mas acho que eram algumas dessas coisas que passavam pela minha cabeça quando eu me sentia injustiçada diante de meus irmãos.

Bom, eu fiquei feliz de ele me dizer isso e expliquei que ela não comeu mais, que ela estava dividindo uma banana com outra criança e que levou muito mais tempo para comer e etc. Mas o mais importante foi ele ter a oportunidade e a coragem de trazer o que ele estava pensando e sentindo e nós podermos conversar sobre isso para eu ajudá-lo a interpretar melhor os fatos. 

Crianças são ótimas observadoras mas péssimas interpretadoras. Será que podemos ser mais claros na hora de passar as informações? Na hora de dizer que a criança fez algo errado será que poderíamos dizer: “filho(a), mamãe e papai amam você, mas esse comportamento não é permitido aqui em casa. (Falamos isso quando o Joaquim grita por exemplo). Ou até: “Filho, desculpe a mamãe ter falado desse jeito com você. Eu te amo muito e fico muito triste quando faço isso. Eu estou cansada, nervosa e não consegui me controlar quando vi você fazendo tal coisa.” E aí dá até para conversar sobre o que ele fez e buscar soluções para o fato, combinados e etc. Todo erro é uma oportunidade de aprendizado para a criança ( e para nós também deveria ser).

Penso que se lembrarmos sempre dessa frase que ouvi na palestra poderemos ajudá-los de forma mais consciente na formação de sua autoestima, de suas crenças sobre si mesmas e sobre o mundo. 

Além disso, temos que cuidar ao que expomos as nossas crianças. O que será que elas podem estar interpretando ao verem programas, filmes e cenas que não são para a idade delas?? Bom isso é tema para outro texto!


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