A tarefa de educar uma criança não é pouca coisa. Com tanto para disciplinar, muitas vezes os pais deixam de lado uma ferramenta importantíssima para o bom desenvolvimento infantil: o elogio.
É comum ouvir que se elogiar, estraga. Mas a afirmação é verdadeira?
Da mesma forma que a disciplina e o estabelecimento de limites precisam ser feitos da forma correta, os elogios também têm uma lista de práticas eficientes para a educação infantil e de práticas que nada acrescentam, quando não atrapalham, o aprendizado.
Os elogios podem fazer maravilhas pela motivação e autoestima da criança (assim como para adultos) e o melhor tipo de elogio é aquele que é centrado na ação.
Da mesma forma que devemos evitar criticar a criança quando ela erra, centrando a crítica no erro, é importante elogiar o acerto. Vamos pensar sobre algumas formar eficientes de fazer isso:
- Quando você elogia o indivíduo, aplica a ele um rótulo. Uma criança frequentemente chamada de inteligente por adultos quando conclui uma tarefa, por exemplo, se mostra muito menos tolerante a frustração de não conseguir realizar uma tarefa subsequente do que uma criança que, na mesma situação, foi elogiada pela sua capacidade de resolver a tarefa com dedicação e criatividade. A simples substituição de “Como você é inteligente” para “Puxa, você se dedicou muito e conseguiu achar uma ótima solução para isso” faz uma enorme diferença no desenvolvimento emocional dos pequenos.
- Procure usar elogios sinceros e não exagerados. “Você é o melhor filho do mundo” tem pouco a acrescentar ao desenvolvimento infantil, enquanto “Fiquei muito feliz por você ter me ajudado nas tarefas domésticas, obrigado” ensina empatia e habilidades sociais.
- Foque em melhorias em comparação a ações passadas. Elogiar a criança dizendo que ela realizou uma tarefa de forma melhor do que numa situação anterior a mantém motivada e ensina que o aprendizado é um processo que requer treino. Mas fique atento: as comparações devem sempre ser feitas com tarefas realizadas pela própria criança. Comparar com os irmãos e com os colegas de classe pode gerar inimizades e dificuldades sociais.
- Não elogie automaticamente ou sem motivos. Quando seu filho tenta te mostrar ou contar algo bom que fez, escute e avalie antes de elogiar. O exemplo mais comum de erro nesses casos, elogiar automaticamente os desenhos do filho assim que ele apresenta o papel. Procure fazer perguntas sobre o desenho, comentar o uso de cores e só então elogiar.
- Estimule a autoestima. Transmita os sentimentos de orgulho de você para a criança. Ao oposto de “estou orgulhosa por você ser tão organizado”, tente usar “você deveria se orgulhar de manter o quarto tão organizado”.
- Elogios também podem ser um bom consolo. Quando a criança tira uma nota baixa, mas se esforçou, vale mais reconhecer o esforço apresentado e dizer que da próxima vez ele pode tentar de outras formas do que focar no resultado ruim e fazer com que a criança sinta que seu esforço não importa.
- Evite colocar condicionais em elogios. Isso pode acontecer até mesmo sem que você perceba. Frases como “Você é muito obediente, te amo muito” podem instaurar na criança o medo de não ser amada da mesma forma se falhar em ser percebida como obediente pelos pais. Prefira expressar amor e carinho sem atrelar eles a nenhum comportamento específico ou condição.
Além dos benefícios para a autoestima e motivação, elogiar seu filho o ensina que ele também deve fazer isso para os outros, ensinando pelo exemplo uma importantíssima habilidade social: o reconhecimento do valor do outro.
Abraços, Amanda R. Comício- psicóloga e educadora.