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Bullying na infância

Bullying na infância
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nov. 14 - 5 min de leitura
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Antes de mais nada, é importante esclarecer a origem da palavra "Bullying", termo da língua inglesa, que se origina do adjetivo "bully", que podemos traduzir como destemido, decidido, corajoso, arrojado... e por aí vai. Já o bullying, propriamente dito, é o ato originado pela pessoa dotada desta valentia toda. São tantas as formas de bullying que as vezes fica até difícil de se reconhecer, principalmente, entre crianças que "zoam" umas às outras o tempo todo.

Porém, muitas vezes, o bullying infantil é originado por adultos (professores ou familiares). O bullying produzido pelo adulto, normalmente, acaba se alastrando, ganhando a adesão das crianças que ampliam o alcance do mesmo.

Vou me usar como exemplo, fui uma criança gordinha. Nada demais, apenas cheinha mesmo. Por conta disso, quando eu tinha uns 8 anos de idade, meu tio começou a não me chamar mais pelo nome e, sim, pelo apelido "afetivo" de gorda. Tive a sorte dos meus primos não aderirem à "gracinha", mas nem preciso falar o quanto era difícil para mim encontrar com meu tio, pois sabia que ele me chamaria de gorda lá de longe. Sofri, nunca reclamei e cresci.

Aos 12 anos, na escola, ainda gordinha, um professor de matemática que me amava - é sério, ele tinha muito carinho por mim - resolveu me chamar de Batatinha. Dessa vez, não tive a mesma sorte, os meus colegas de classe em pouco tempo já não sabiam mais meu nome. Para mim, era como se a escola toda gritasse "Batatinha, Batatinha!" pelos pátios e corredores. Um verdadeiro pesadelo que só terminou quando passei para o ensino médio quando eu, enfim, voltei a ser Andreia.

Talvez você até esteja rindo ao ler meu depoimento - hoje eu rio também - ou tenha se relacionado com esses exemplos, lembrando de histórias correlatas que aconteceram com você ou com pessoas conhecidas.

Fiz uso de histórias pessoais para ilustrar a sutileza dos tipos mais corriqueiros de formas de bullying. É frequente que a criança, alvo do bullying, não compartilhe o incômodo com os pais e professores, por isso, temos que estar atentos pois os efeitos podem ser desastrosos, gerando problemas de auto estima e insegurança na criança.

O bullying é um ato repetitivo que pode ser apenas verbal, mas também pode evoluir para algum tipo de agressão física.

Falando especificamente das crianças, é configurado bullying quando elas não conseguem lidar com a agressão ou superá-la, atrapalhando sua rotina, fazendo com que ela se envergonhe e até mesmo não queira mais ir à escola ou frequentar o ambiente em que a pessoa que produz o bullying estará. É muito importante acompanhar mudanças de comportamento das crianças, como não querer sair de casa, não querer ficar só na companhia de alguém, parecer triste, ter queda no desempenho na escola, deixar de participar de um esporte que sempre gostou ou aparecer com manchas roxas pelo corpo sem explicação.

O bullying acontece com mais frequência entre crianças de 8 a 16 anos, mas também pode ocorrer com crianças menores.

O alvo do bullying, geralmente, é uma criança mais indefesa ou mais tímida, que na maioria das vezes não consegue explicar os motivos que levam à tal agressão.

Normalmente, a vítima teme os agressores, seja por causa da sua aparente superioridade intelectual ou física, pela intimidação ou pela influência que exercem sobre o meio social em que convivem.

As crianças atingidas pelo bullying podem apresentar distúrbios alimentares e no sono, dor de cabeça, irritabilidade, falta de disposição física, desânimo e, até mesmo, depressão.

O dia a dia exige muito dos adultos, porém importante que pais e professores acompanhem, atenciosamente, as crianças buscando ajudá-las a lidar com situações de bullying, incentivando-as à falar e pedir ajuda, para que as mesmas aprendam a se expressar e defender-se.

A intervenção dos pais ou, até mesmo de psicólogos, deve acontecer somente quando se faz necessário. Afinal, o mundo apresentará obstáculos o tempo todo e você não poderá estar presente para intervir. Reserve um tempo para ouvir seu filho, brincar com ele, criar intimidade e facilitar para que ele saiba que pode compartilhar suas dificuldades com você. Crianças que têm um bom vínculo familiar, sentem-se mais fortes e amparadas para lidar com o que a vida lhes apresenta.

 

Autora: Andreia S. Jenkins, educadora, formada em Literatura pela UFRJ e consultora sobre comportamento infantil e relação mãe-filho.


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