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Brigas entre irmãos

Brigas entre irmãos
Alcione Andrade
mar. 3 - 5 min de leitura
020

Nessas férias o Joaquim e a Martina se descobriram! São gargalhadas, tombos, conversas, gritos de susto e correria o dia inteiro. É lindo de ver.
Isso quer dizer que eles agora vão se dar bem sempre? Acabaram as brigas, as provocações e as disputas por um brinquedo? Achamos a fórmula de fazer dois irmãos se darem bem para sempre e vamos ficar ricos??
Não!! É claro que não!

A convivência entre irmãos é o principal laboratório de convivência social dos nossos filhos. Quando disputam um brinquedo por exemplo podemos ajudá-los a identificar sentimentos, olhar para o outro ( empatia), dialogar, negociar, resolver problemas, inovar, ser criativo e etc. Claro que tudo de acordo com a idade, por exemplo: até os 3 anos mais ou menos ele não tem condições cerebrais e emocionais de dividir e emprestar nada ainda e por mais que a sociedade ache lindo nós estaremos exigindo algo além do que eles podem fazer naturalmente - mas outro dia escrevo outro texto sobre isso.

Bom, mas como vamos ensinar tudo isso para eles? Como tudo que ensinamos:
pelo EXEMPLO.

Leia Mais: Na formação da auto estima da criança

Se diante de uma briga deles já chegamos gritando, tomando o brinquedo da mão deles, punindo, tomando partido de um dos lados, ameaçando, sem vontade nenhuma de ouvi-los, e dando aquele sermão e lição de moral que eles não estão prestando atenção e não vai servir pra nada positivo, com certeza não vai funcionar. Eles até vão parar a brigar no momento e talvez, com isso acontecendo muitas vezes, eles até parem de brincar juntos com o tempo.
Conheço muitas mães que dizem que os filhos não podem brincar juntos pois brigam demais e pior que falam isso na frente dos filhos. Resultado: filhos brigam cada vez mais ( para confirmar a expectativa e o discurso materno), se afastam um do outro ( vão crescendo "separados" para não brigarem) e perdem oportunidades maravilhosas de aprendizagem. No futuro temos irmãos "não muito próximos"( sabe?!), pessoas briguentas ( "dou um boi pra não entrar numa briga, mas uma boiada pra não sair dela" já ouviram essa?!) ou até mesmo rancorosas, pois crescem sem aprender a resolver os conflitos, perdoar e continuar a conviver com as pessoas envolvidas.
Conflito, discussão, brigas, discordâncias vão acontecer a vida toda e é na infância que vamos ajudar nossos filhos a desenvolverem habilidades para lidar com eles.
Dizer para eles (e acreditar) que não podem brigar, que tem que dividir tudo, ou que "isso" que eles fazem é horrível-muito feio- e que eles são crianças terríveis e etc, não ajuda em nada - só piora.

Eu tenho trabalhado muito dentro de mim essa crença de que brigar, discutir e etc é algo ruim pois reflete diretamente em como me coloco no mundo hoje e evito conflito com todas as minhas forças inconscientes- isso faz com que eu sofra muito diante de muitas situações, faz com que eu me anule muitas vezes para não "brigar" e faz com que eu perca oportunidades maravilhosas de crescimento meu e do outro.

Crianças, irmãos, primos e amigos vão brigar - que bom! Pois são nesses momentos que vamos convidá-los a olharem para o outro e irem exercitando as suas habilidades relacionais.

Leia Mais: Desequilíbrio Emocional

Em uma situação assim peça para um ouvir o lado do outro, pergunte: como vocês podem resolver isso? Estimule que eles conversem, dê algumas sugestões no começo, ajude eles a chegarem em soluções justas e etc. Aos poucos vamos interferindo menos. Em algumas situações não interferimos nada e deixamos eles irem se resolvendo sem julgamentos e rótulos. Não é fácil ( eu sei bem). Não vai ser nas primeiras vezes que eles vão assimilar, talvez nem na centésima. Na verdade pode durar anos, mas é recompensador.

*Eliminemos os castigos, gritos, brigas e punições diante das brigas entre os irmãos- isso só reforça esse caminho pois nosso exemplo continua dentro da linha da violência, falta de empatia e etc;
*Busquemos dar o exemplo sempre no nosso dia a dia, com nossas relações;
* Trabalhemos nossas crenças diante dessas situações;
* E olhemos para nossos objetivos na educação dos nossos filhos - não querendo resolver apenas no momento com a ilusão de dia a dia maravilhoso de família de comercial de propaganda.

Que possamos ter muita PACIÊNCIA e PRESENÇA para olhar para esses momentos como oportunidades de desenvolvimento - deles e nosso.
Lembremos que a Infância é para isso!!


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