Geralmente o autismo é identificado entre 1 a 3 anos de idade. Porém, por volta dos oito meses do bebê, os pais já podem identificar sintomas claros e procurar auxílio médico. Quanto antes começar o tratamento, melhor será a resposta da criança ao mesmo.
Pesquisadores identificaram que a comunicação não verbal, ou seja, o comportamento do bebê é a chave para o diagnóstico precoce.
Alguns exemplos do que devemos observar:
- O modo como bebê olha para objetos.
- Ao amamentar, observar se ele fixa os olhos na mãe (esse é um momento de extremo vínculo mãe-filho) ou se ele tem o olhar perdido.
- Como pede o que deseja.
- Como reage quando lhe apontam para alguma direção.
- Se não reclama ao ser deixado por tempo prolongado no berço (parecendo até preferir o berço ao colo).
- Já maiorzinha, a criança não fala, demostra uma apatia em seu comportamento.
- Sua fisionomia é pouco expressiva.
- Não interage ou reage a interação de outras crianças, mostrando uma certa apatia.
- Chora ininterruptamente, chamando a atenção dos adultos.
- Quando a mãe sai ou volta do trabalho, a criança parece indiferente.
Outros pontos de importante observação são se o bebê/criança se incomoda com o toque, se ele se irrita com alguns sons e, até mesmo, com a consistência (textura) dos alimentos, podendo dificultar a transição do leite para as comidas sólidas.
Já maiorzinhos, observa-se a ausência de fala, aparentando as vezes uma surdez. Ao se movimentar, tem postura pendular de tronco, mãos e cabeça. A criança pode passar grandes períodos fazendo movimentos repetidos ou manter comportamentos repetitivos e sem finalidade aparente.
Autismo em meninas...
O senso comum médico afirma que o autismo atinge mais meninos do que meninas (seriam cerca de 5 meninos para cada menina). No entanto, em estudos recentes, a ciência passou a rever essas estatísticas, mostrando que o mais provável é que as meninas que apresentem autismo de alto funcionamento estejam passando ao largo do radar dos médicos.
Frequentemente, a interpretação dos sintomas ocorre, de forma errônea, como ansiedade, problemas alimentares, comportamentos rígidos e repetitivos durante as consultas médicas. Desta forma, muitas meninas passam a infância e a puberdade ignorando de onde viriam suas dificuldades sociais. Não raramente, o diagnóstico que as meninas recebem apresenta o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) ou transtorno de hiperatividade e déficit de atenção (TDAH).
A ciência ainda está dando os primeiros passos para o diagnóstico, pois ainda precisa aferir como o transtorno se manifesta no sexo feminino. Afinal, se as meninas não estão sendo reconhecidas, também não tem sido estudadas. Pesquisadores das Universidades de Harvard, da Califórnia e de Washington estão conduzindo uma ampla pesquisa com intuito de investigar melhor os aspectos da forma com a qual o autismo se manifesta em meninas, desde a infância até o início da idade adulta.
Aos portadores de autismo em geral, no Brasil, o avanço está na área da educação. A partir de dezembro de 2012 a Lei nº 12.764, que institui a "Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista", foi sancionada. Esta medida faz com que os autistas passem a ser considerados "pessoas com deficiência", podendo usufruir de todas as políticas de inclusão previstas na legislação brasileira. A educação entra nesse pacote.
A lei estabelece que o autista pode ser matriculado em escolas regulares ( Educação Básica e Ensino Profissionalizante) e, caso necessário, solicitar auxílio de um acompanhante especializado. Os gestores que negarem a matrícula a estudantes com deficiência estarão sujeitos à punição de três a 20 salários mínimos e, caso aconteça mais de uma vez, este poderá perder o cargo.
Essa vitória é importante para os portadores do autismo, pois, a maior parte das crianças autistas adquiriram o direito de frequentar escolas regulares.
A criança autista precisa do contato com outras crianças e não somente seus semelhantes para ser estimulada a evoluir. O autismo ocasiona problemas de socialização e a convivência com outras crianças e estudando em escolas regulares, ele será estimulado a adaptar-se a viver em sociedade.
Andreia S. Jenkins
Bio: Andreia S. Jenkins é educadora, formada em Literatura pela UFRJ e consultora sobre comportamento infantil e relação mãe-filho