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A verdadeira missão dos pais

A verdadeira missão dos pais
Dani Nalini
mai. 17 - 7 min de leitura
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Quando decidimos ter um bebê, ou quando engravidamos de fato, não temos noção da real missão que temos com esses seres que geramos. Não pensamos em nada do que virá pela frente, apenas queremos um bebê!

Se pensássemos antes de tudo na nossa verdadeira missão como pais que é preparar um adulto forte e completo, talvez fosse mais fácil educar filhos.

Quando olhamos aquele bebezinho que acabou de chegar, só queremos encher de carinho, de amor, vivemos o presente e naturalmente nem pensamos no amanhã. Colocamos nele a esperança de uma vida melhor da que tivemos, prometemos dar tudo que não tivemos, e esquecemos completamente que se trata de outro ser. 

Passamos a vida "alimentando" nossas carências nos filhos, e não nos damos conta disso. Essa consciência só vem com o tempo, e às vezes nem vem.

A questão é que quanto mais essa conscientização demora a chegar, mais danos estamos causando nesses "futuros adultos", e a tarefa de educar vai ficando cada vez mais difícil e exaustiva. Pois é muito mais difícil consertar um erro, do que começar certo. 

Adultos são formados na infância

Tudo o que fazemos hoje é reflexo do nosso passado, da nossa infância. Se levarmos essa sabedoria para educar nossos filhos, teremos adultos resolvidos e felizes.

Autonomia é algo que devemos estimular desde cedo, cedo mesmo. Não devemos subestimar a capacidade das crianças em realizar uma tarefa comum, o que devemos é respeitar a forma que ela vai realizar, o tempo que vai levar.

Fazer algo por eles é um de nossos piores erros. É natural fazermos enquanto são pequenos, mas costumamos continuar fazendo, fazendo e fazendo...
Devemos ter em mente que eles precisam estar "preparados" para se virarem na nossa falta. Sabemos que é muito sofrido ser dependente. Passamos sede se não conseguimos pegar um copo d'água, passamos fome se não conseguimos pegar algo na cozinha, passar uma manteiga na bolacha. Sofremos na hora de nos vestir por que sempre alguém colocou a blusa, "tirou" a calça do avesso, vai ficando cada vez mais difícil sem ajuda de um adulto. Trocar de roupa vira obrigação e não parte simples do cotidiano.

Isso pode parecer simples agora e fácil de resolver, mas lá na frente serão outras tarefas e nem sempre haverá alguém para ajudá-los.

São pequenas coisas que as crianças podem fazer desde cedo, mesmo que não fiquem perfeitas pra nós, elas estão em fase de aprendizado e ainda não adquiriram tantas habilidades.

Paciência é fundamental para dar autonomia, é respeitar. É entender que estamos diante de outro ser que está começando a vida. 

Dizer não também é amar. Crianças precisam de "não". Na vida adulta ouvirão muitos "nãos" e se não ouviram essa palavra na infância, não saberão resolver ou tentar outro caminho até chegar no "sim". E nem saberão entender que às vezes o "não" é o caminho pra aquele momento.

Alimentação é uma das maiores dificuldades que temos. Só ouvimos frases como: "meu filho não come", "se não der na boca, ele não come". Infelizmente nós não os ensinamos a comer. Nossa preocupação sempre foi "ele precisa comer não importa como" ou "ele precisa comer, não importa o que", mas não é bem por aí. 

As crianças precisam comer sim, mas a quantidade é ela que sabe quando está satisfeita. O nosso único dever é oferecer, e oferecer coisas saudáveis.

Oferecer apenas um prato de comida, tirando toda a ansiedade que geralmente colocamos nele.

Oferecer um talher seguro para que a criança se delicie com a comida do jeito dela, deixar que ela toque no alimento, conheça cores e texturas, aprenda a diferenciar os sabores, escolha o que quer comer. Mesmo que faça sujeira, o ambiente deve estar preparado para isso, e nós também! :-)

Com certeza lá na frente, não precisaremos dar na boca, e muito menos esconder aquele alimento que achamos que não vai gostar. Ela já vai saber o que gosta e o que não gosta. Aqueles alimentos que ela não gosta, você volta a oferecer esporadicamente.

Oferecer alimentos não saudáveis - Não ofereça. Eles serão os preferidos lá na frente se começarem a fazer parte das refeições. Sempre caímos naquele pensamento "só hoje, só um pouquinho" e quando nos damos conta, eles já serão os alimentos escolhidos, e ficará difícil voltar atrás. 

Amizade entre pais e filhos - A amizade deve existir, mas sempre lembrando que SOMOS os pais. Que estamos prontos para acolher, ajudar, mas também dizer não, e brigar quando necessário. E que muitas vezes temos que interferir nas escolhas, afinal temos mais que o dobro de experiência.

Devemos respeitar e individualidade da criança sabendo onde é o limite, que muitas vezes não sabemos medir isso. Mas se pararmos pra pensar no adulto que queremos formar, encontraremos o limite na medida certa.

Devemos estar totalmente "dentro" da vidinha deles, saber tudo que fazem, e ainda tudo que passa na cabecinha deles. Não deve haver segredos dos filhos para pais. Somos o porto seguro, pessoas em quem devem confiar em qualquer situação. Devemos ensinar que nos conte tudo, tudo mesmo. Lá na frente eles terão seus segredos de intimidades, porém não hesitarão a recorrer a nós quando precisarem.

A semente que nós plantamos

Quando entendemos que nossos filhos serão os adultos de amanhã, compreendemos que eles precisam desse nosso apoio (durante a infância) para que se tornem adultos independentes, autores de suas histórias, completos e felizes.

Outro ponto importante é pensar ainda mais além, nós ficaremos idosos. E nessa fase tudo o que queremos é paz. Não existe paz maior do que ver um filho feliz e realizado, sentir que mostrou o caminho certo. Os filhos serão os adultos, que nós formamos. A semente que nós plantamos, regamos durante esse caminho, mas só colheremos amanhã.

Para finalizar, eu não tive essa consciência desde a gravidez. Só hoje com 2 filhos (Pedro 10a e Clara 6a) tenho consciência que poderia ter dado mais autonomia, que não deveria ter oferecido alimentos não saudáveis, deveria ter deixado sujar a cozinha durante a refeição, estou na fase de "consertar"  e digo que é bem mais difícil mesmo. Muitas coisas já fui consertando no caminho e deu certo. Nunca é tarde pra rever posturas que tivemos, ou não tivemos. Não existem pais perfeitos, afinal não nascemos pais, aprendemos a ser. 

Deixo aqui uma frase que levo comigo: "Dê a quem você ama asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar" - Dalai Lama.


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